Os ataques acontecidos em Brasília-DF, na tarde do último domingo, 8 de janeiro, também repercutiram no organismo máximo da Igreja Católica no país. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se pronunciou nas redes sociais, clamando por paz.
“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), perplexa com as graves e violentas ocorrências em Brasília, pede serenidade, paz e imediato cessar dos ataques criminosos ao Estado Democrático de Direito. Estes ataques devem ser imediatamente contidos e seus organizadores e participantes responsabilizados com os rigores da lei. Os cidadãos e a democracia precisam ser protegidos.”
“A CNBB quando fala, fala pensando na sociedade, no bem de todos. Mas, além da própria realidade democrática, ela fala pensando no próprio reino de Deus. Todos nós somos missionários do reino”, declarou Pe. Raimundo Nonato, diretor geral da obra salesiana de Juazeiro do Norte, ao analisar o pronunciamento da entidade.
O sacerdote classificou o último domingo como um dia triste e falou sobre a importância das palavras da instituição. “A CNBB se posiciona, é a Igreja que fala e estamos solidários, porque queremos dar continuidade à experiência democrática do nosso país. Apesar de termos tantos ânimos exaltados, não podemos chegar à irracionalidade que se chegou”.
No Vaticano, o Papa Francisco citou o Brasil, o Haiti e o Peru, durante audiência ao Corpo Diplomático e manifestou preocupação com o enfraquecimento da democracia.
“Penso nas várias crises políticas em diversos países do continente americano, com a sua carga de tensões e formas de violência que exacerbam os conflitos sociais. De modo especial, penso no que aconteceu recentemente no Peru e, nas últimas horas no Brasil, e na situação preocupante do Haiti, onde estão finalmente a ser dados alguns passos para enfrentar a crise política que se arrasta já há tempos. Sempre é preciso superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum”, declarou Francisco.
Esta não foi a primeira vez em que o Papa falou sobre problemas políticos do Brasil. Em 12 de outubro do ano passado, o pontífice se dirigiu aos brasileiros, após bolsonaristas terem hostilizado católicos no Santuário Nacional. “Peço a Nossa Senhora Aparecida que livre o Brasil do ódio”, declarou o sucessor de Pedro, durante audiência geral, ao saudar os peregrinos de língua portuguesa.
Da parte da CNBB, também não foi a primeira vez em que a instituição saiu em defesa do sistema eleitoral brasileiro. Tanto em abril como no final de agosto, períodos de realização da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, a entidade condenou a manipulação religiosa nas eleições e a disseminação de fake news. Na época, Jair Bolsonaro, ainda presidente, proferiu ataques à Justiça Eleitoral e às urnas eletrônicas. “Reiteramos nosso apoio incondicional às instituições da República, responsável pela legitimação do processo e do resultado das eleições”, declarou a carta de mensagem ao povo brasileiro emitida pela CNBB em 31 de agosto de 2022.
Denilson Rodrigues
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