Dia de preceito para os católicos, 24 de dezembro abriu espaço para o debate sobre a fome e a desigualdade social que assolam o Brasil. De acordo com o II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, publicado em junho deste ano, 33,1 milhões de brasileiros se encontram em situação de insegurança alimentar grave.
A pesquisa foi realizada entre novembro de 2021 e abril de 2022, por meio de entrevistas realizadas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Os dados mostram um retrocesso e iguala patamares da década de 1990, período em que o investimento em políticas públicas de combate à fome e à desigualdade eram, praticamente, inexistentes.
A pesquisa mostra ainda que a fome tem cor. 65% dos lares chefiados por pessoas pretas ou pardas, demonstraram conviver com restrição de alimentos. Enquanto a segurança alimentar se faz presente em 53,2% das casas comandadas por pessoas brancas, nos domicílios em que os responsáveis são pretos ou pardos, ela cai para 35%. Os dados refletem mazelas de um período escravocrata que, apesar de ter sido abolido há 134 anos, deixou mazelas que ferem a humanidade até hoje.
“Sem os pobres não é verdadeiramente Natal, sem eles festeja-se o Natal, mas não o de Jesus”, declarou o Papa Francisco durante a Missa do Galo, na madrugada do último domingo. As palavras do pontífice tocam em uma realidade que atinge também o Brasil, país onde a fome tornou-se ainda mais forte, construindo presépios nas periferias diariamente.
Denilson Rodrigues
Publicar comentários (0)