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O Ministério da Saúde decretou, na última sexta-feira, 20 de janeiro, estado de emergência na saúde pública, para colocar em prática ações de combate aos problemas sanitários dos povos indígenas Yanomami, no Estado de Roraima. Cerca de 570 crianças, além de adultos, morreram, nos últimos quatro anos, em decorrência dos casos de desnutrição e de diversas doenças que poderiam ser tratadas adequadamente, como a malária, a pneumonia e a diarreia, segundo dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sisai).
Também nos últimos anos, o avanço do garimpo ilegal nas terras indígenas fez com que doenças chegassem a essas regiões, além de ter aumentado a contaminação dos rios por Mercúrio, o sumiço de animais usados como fonte de alimento e ainda o crescimento da violência. O número de garimpeiros nas terras Yanomami já alcançou o nível de mais de 20 mil, quase no mesmo patamar da população de indígenas na localidade, que chega a 28 mil, de acordo com o Ministério dos Povos Indígenas.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD – MG) disse que a situação é lamentável e criticou a falta de políticas públicas para combater a desnutrição, o garimpo ilegal e garantir a assistência aos povos Yanomami. Pacheco alegou que é preciso união entre os poderes para, de acordo com ele, garantir medidas de combate a essa tragédia.
Senadores da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também atribuíram ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a culpa pela calamidade na terra Yanomami, em Roraima. Segundo eles, o antigo governo foi alertado diversas vezes sobre as condições precárias de assistência à comunidade indígena.
Para o senador Telmário Mota (PROS – RR), é preciso apurar possíveis desvios de verbas que seriam destinadas para assistência à saúde dos povos originários: “a crise, hoje instalada nos povos Yanomamis, é fruto de um tripé: a corrupção, a política indigenista brasileira que está errada e a garimpagem ilegal. A Sesai disponibiliza muitos recursos para esses distritos, mas eles não chegam na ponta. Não chegam com médico, com enfermeiro, com a medicação, não chegam com laboratório. O governo tem que ser rigoroso na apuração e colocar na cadeia, principalmente, os coordenadores do distrito Yanomami”, disse o parlamentar.
Na última segunda-feira, 23 de janeiro, o presidente Lula exonerou cerca de 11 coordenadores de saúde indígena e outros 43 servidores da Fundação Nacional dos Povos Índígenas (Funai). No entanto, o senador Mecias de Jesus (Republicanos – RR), disse que o caso não é novo, e afirmou que colocar toda a culpa do problema apenas na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro é injusto, pois outras gestões também não implementaram políticas públicas para os indígenas.
“O sofrimento nos distritos indígenas de Roraima acontece há mais de três décadas, principalmente nas comunidades Yanomamis, devido à dificuldade de acesso, até por resistência à entrada de auxílio. É urgente socorrer o povo Yanomami, mas sem criar esse discurso político com teor sensacionalista e falso, para fazer cena mundo afora e se esquivar de uma culpa que a administração deles também carrega”, afirmou Mecias.
Os senadores aliados de Bolsonaro negaram que a antiga gestão tenha se omitido diante da administração de políticas de saúde e assistência aos indígenas, e afirmaram que o antigo governo fez investimentos para amparar os Yanomani, que representam um território de cerca de 10 milhões de hectares, se estendendo pelos estados de Roraima, Amazonas e pela fronteira do Brasil com a Venezuela.
O presidente Lula esteve na região no último fim de semana, e prometeu políticas de combate ao garimpo ilegal.
Leonardo Henrique
Written by: Radio
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