Apesar de nunca ter sido posto em foco da maneira devida, nos últimos tempos o tema Saúde Mental vem sendo colocado em pauta com mais frequência, principalmente quando se trata do ambiente esportivo. Este assunto possui extrema relevância, afinal, nem só de preparo físico vive um atleta.
Recentemente foram noticiados casos de atletas que tiveram seus desempenhos afetados por conta de pressão ou fatores que abalaram seu psicológico, como o caso da ginasta Simone Biles, que já em fase de classificação nas Olimpíadas, decidiu se afastar da competição para preservar e cuidar de sua saúde mental.
O fato correu o mundo e causou um choque aos espectadores e amantes do esporte. No entanto, como quem aprecia o espetáculo, os esportistas possuem suas particularidades e também estão sujeitos a quadros como ansiedade e depressão, como explica o Psicólogo Ysrael Gledson: “é preciso também entender os praticantes do esporte como pessoas que têm uma subjetividade. Porque às vezes a gente faz um recorte do indivíduo e vê somente ele como o atleta, que passa na televisão ou aquele que tem que alcançar e demonstrar resultados. Mas esse atleta também tem uma vida, uma subjetividade, tem limites”.
No futebol casos assim também estão presentes, como aconteceu com o ex-atacante Nilmar, que teve sua carreira encerrada por causa da depressão. Além dele, o ex-jogador do Flamengo Michael também passou por um período difícil enquanto estava no clube, mas conseguiu superar através de ajuda dos amigos, família e também do tratamento psicológico.
O ambiente competitivo coloca sobre os jogadores grande pressão. Críticas, altas expectativas e cobranças excessivas ocorrem interna e externamente. Esses fatores se não administrados de forma correta podem afetar diretamente no rendimento do atleta, como explica Cesar Tanaka, atual goleiro do Icasa: “a falta de cuidado pode acabar com a carreira do atleta. Já tivemos exemplos de atletas profissionais e recentes que os desempenhos caíram muito perante o excesso de cobrança e não souberam lidar com essas críticas, com a parte mental”.
Altas expectativas, quando não correspondidas, geram sentimentos de insatisfação. Perder um jogo ou não conquistar um título gera no jogador sentimento de insuficiência, colocando uma avaliação negativa sobre si. As cobranças e críticas vindas da torcida podem afetar diretamente o jogador. “o atleta, assim como o torcedor, ele sente a derrota, ele se abala com a derrota, porque quando não vem um resultado positivo, aquilo pode acabar com a carreira dele, ou então não fazer com que ele chegue na situação ou projeto que ele sempre almejou”, explica Cesar.
No futebol essa cobrança começa desde muito cedo, já nas categorias de base. Os jovens atletas precisam estar sempre em seu melhor nível, uma vez que uma falha pode fazer com que ele perca sua oportunidade de entrar de fato no mercado da bola. Como relata o goleiro: “o atleta se pressiona muito, porque ele já se torna um adulto com 15 anos. Com 15 anos ele é cobrado diariamente a fazer o seu melhor, a ser o seu melhor durante os treinamentos, durante os jogos. Sabendo disso, que ele não pode cair de desempenho, que não pode ser inferior, ele se cobra muito pra tentar ser o melhor durante todos os dias. Porque ele sabe que se ele não for, ele pode perder a vaga para outro atleta”.
Desse modo, visando a qualidade de vida e melhor desempenho dentro e fora de campo, alguns clubes já oferecem suporte psicológico para os atletas. O psicólogo Ysrael frisa a importância desse tipo de suporte: “uma pessoa que tem uma boa saúde mental possivelmente vai ela ter um bom rendimento. Quando vamos avaliar os atletas de alta performance, quando escutamos essas pessoas, eles tentam, eles priorizam muito a sua saúde mental. E isso é um fator tão importante que alguns clubes hoje tem investido de forma mais efetiva nesse lado, entendo que o atleta ele não é atravessado só por uma dimensão física, mas ele também tem uma dimensão psicológica que ela não estando bem, os resultados infelizmente não serão tão legais”, declara o psicólogo.
Clara Lyz
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